
Internamente, o país luta para antecipar o dia do juízo quando a autoridade monetária se arrisca a cair do cavalo e fraturar o pescoço em suas investidas contra os moinhos, resultado de sua política quixotesca.
O Dow Jones recua a níveis de 21 meses atrás e atrás dos rebaixamentos promovidos pelo Goldman Sachs ao Citi e à GM, que por tabela dissolve a bolha criada aqui com o grau de investimento.
Tudo volta ao que era, ou melhor, depois da bebedeira a turma acorda sóbrio, mas na maior ressaca, e subtraído de alguns pertences.
A deterioração de nosso comércio exterior acelera com a valorização cambial ainda mais profunda, a inflação mundial já beira o centro de nossa meta de inflação interna, o BC aumentou para 25% as chances de estouro, e pelo andar da carruagem, deverá anunciar, daqui a algumas semanas, chances de 100% em estourar 25% ou mais.
Todo este desespero deverá se transformar em pânico quando as companhias aéreas não conseguirem mais enrolarem as suas contas com o combustível, obrigando os políticos a atravessarem o final de semana inteiro em Brasília.
Por outro lado, se não puderem mais voltar ao trabalho, a coisa pode melhorar.
Enquanto isso, engrossa a fileira dos críticos à atual política monetária:
Numa entrevista à Folha, Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo alertou para o "risco muito grande de déficit externo" que corre a administração de Luiz Inácio Lula da Silva com um câmbio muito valorizado. Defendeu restrição à expansão do crédito. E afirmou que o BC errou ao não reduzir mais os juros quando o cenário externo era favorável e que esse equívoco traz prejuízos hoje. Motivo: eleva o custo de combater a inflação.
O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, disse nesta terça-feira que há espaço para que a taxa de juros Selic caia a níveis semelhantes ao que é praticado no México (hoje em 4%), opinião compartilhada com a do ex-presidente do BC, Armínio Fraga.
Alcides Leite Domingues - professor de Mercado Financeiro da Trevisan Escola de Negócios - em artigo publicado no Valor Econômico em 14/5 – disse:
"...quando comparamos a taxa básica real de juros de curto prazo, isto é, a taxa básica de juros de curto prazo descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses, chegamos aos seguintes resultados: 0,84% ao ano nos países desenvolvidos; 0,90% nos países em desenvolvimento (exceto Brasil); e 6,73% ao ano no Brasil.
A análise comparativa nos mostra que há, de fato, um preço que está totalmente fora de lugar no Brasil.
Um ponto totalmente fora da curva. Uma anomalia internacional. Trata-se da taxa real de juros, ou do preço do dinheiro, que no Brasil é cerca de 7 a 8 vezes mais caro que no resto do mundo.
Será que todo o mundo está errado e o Brasil certo?
Cabe ao Banco Central, órgão responsável pela política monetária no Brasil, responder esta questão".
Senão só com o macaco Simão.