quinta-feira, 12 de julho de 2007

Um Futuro Distante


Em um futuro bem distante, se permitirem que este aconteça, não teremos mais exércitos nem sindicatos. Não que eu esteja deflagrando um movimento contra organizações de luta ou combate, mas creio que no futuro não teremos nem mais lutas de boxe.

A explicação para esta certeza é simples. Estas organizações não sobrevivem sozinhas, então sob o risco de extinção o homem terá que sobreviver a elas.
O homem consciente, como eu o vejo no futuro, se este futuro existir, não participará de nenhuma organização por pura falta de tempo.

Estará envolvido em seus próprios afazeres, absolutamente consciente da necessidade deles e não poderá emprestar seu tempo ao interesse de outros.

Quando eu estava em Cuba, gostava de estar quieto no barco ouvindo os discursos, ou melhor, as conversas de Fidel Castro. Era o meu deleite. Ainda não tive notícia de um humano mais consciente nestes tempos DC. Agora, de volta ao meu antigo trabalho, neste outro mundo, me surpreendo com a reprodução de um pronunciamento do comandante estampado na Folha, em que os lampejos desta consciência estão muito presentes.

Quanto aos assuntos econômicos concretos, acredito que em quase todos os países os cidadãos os ignorem de todo. É imprescindível compreender por que sobem os preços do petróleo, que na semana passada atingiu a cotação de US$ 77 por barril; por que sobem os preços dos alimentos, como o trigo e outros, que por motivos climáticos precisam ser importados; se a causa da elevação é permanente ou conjuntural.”

A formação de consciência é o que permite a superação dos tempos de crise. Sem ela, fenômenos desagregadores colocam em decomposição estruturas sociais, instituições ou governos levando a necessidade de amputação de membros valiosos por força da sobrevivência.
“Nem todos os trabalhadores recebem estímulos em pesos conversíveis, uma prática que se generalizou em grande número de empresas durante o período especial, sem que, em numerosas ocasiões, cumprisse os requisitos mínimos prometidos. Nem todos os cidadãos recebem do exterior moeda conversível, algo que não é ilegal mas que ocasionalmente cria desigualdades e privilégios irritantes em um país que se esforça por prover gratuitamente os serviços essenciais à sua população. Não vou mencionar os lucros suculentos auferidos por aqueles que transportavam moeda estrangeira clandestinamente, nem os truques que usaram para combater nossas medidas de repressão ao dólar por meio da conversão do dinheiro em outras moedas”

Cuba convive com duas moedas, uma não cambiável, a moeda nacional chamada de Peso Cubano e a outra o “Peso Cubano Conversível”, criada para tirar o US Dólar do mercado corrente.

A falta de comprometimento de alguns segmentos da população com o governo ou com o ideal igualitário é o principal problema no regime cubano como em qualquer regime, provocando fissuras perigosas na estrutura governamental.

A experiência cubana é muito importante para a nossa nós porque, hoje, Cuba já vive o que viveremos mais no futuro, quando a escassez artificialmente imposta pelos EUA no caso deles, com o boicote, atingir todo o mundo de forma natural e real.

“É indubitável que em Cuba as pessoas que, de uma outra forma, recebem pesos conversíveis --ainda que nesses casos o montante seja limitado-- ou aquelas que recebem dinheiro do exterior adquirem ao mesmo tempo, serviços essenciais gratuitos, alimentos, remédios e outros bens a preços ínfimos, subsidiados. Ainda assim, estamos cumprindo estritamente as nossas obrigações financeiras, exatamente porque não somos uma sociedade de consumo. Precisamos de administradores sérios, valentes e conscientes.”

Em um futuro nem tão distante, o consumismo encarará o seu fim. O principal produto de consumo, o petróleo, estará em agonia, acentuando a crise de escassez de alimentos. Grandes obras, rodovias e aeroportos estarão abandonados.

Vivemos um tempo de bonança.

A tempestade começa a se armar, temos que nos preparar para ela.

“Aqueles que gastam gasolina a torto e a direito com nosso atual parque de veículos de todo tipo; aqueles que esquecem que sobem constantemente os preços dos alimentos e que as matérias-primas para a agricultura e a indústria, muitos de cujos produtos são distribuídos a todos com preços subsidiados, precisam ser adquiridas a preço de mercado; ---todos eles podem comprometer a independência e a vida de Cuba, e com isso não se brinca!”

“Há cada vez mais milhões de pessoas que precisam de água potável, legumes, frutas e alimentos protéicos...”

Em um futuro próximo se acelerará a fome e a favelização. Em uma sociedade tão desigual quanto a nossa é como uma bomba atômica enterrada, não vamos poder caminhar inocentemente pelo nosso solo.

“O pior é que existem mais de 500 automóveis particulares para cada mil pessoas. Nos Estados Unidos, o total chega a quase mil por mil. As pessoas vivem longe de seus locais de trabalho. Cada uma delas tem uma garagem. Cada local de trabalho tem um estacionamento. As refinarias não dão conta...”

Até quanto e até quando temos o direito de gastar o que é dos outros? Gastarmos o que outros economizam? A questão não é simples quanto a escolha de um modelo de automóvel que conseguiremos comprar com o dinheiro que uma greve nos render.

“A matéria-prima das refinarias é o petróleo, e quanto mais pesado ele for, maior volume é necessário para refino. Há muito tempo não surgem grandes descobertas de petróleo leve...”

O petróleo leve já foi quase que todo. É a realidade presente, o fim já ao alcance da visão.

“Greve na Nigéria, guerra no Iraque, ameaças ao Irã, os velhos conflitos políticos na Europa, um maremoto, um ciclone causam disparada dos preços. Os velhos e os novos consumidores em larga escala demandam milhões e milhões de barris adicionais ao dia. Ao mesmo tempo, também avançam os planos de construir novas usinas nucleares...”

O planeta ficou pequeno. Sem um governo único em favor da administração dos conflitos mundiais presenciamos as degradações e as ameaças de aprofundamento da crise e não de sua solução.

“Depois de gastar uma montanha de ouro destruindo o Vietnã, o presidente Richard Nixon substituiu o ouro por cédulas de papel, sem que as pessoas se inteirassem das conseqüências.”

“O desenvolvimento tecnológico dos Estados Unidos era tamanho, sua capacidade de produzir bens agrícolas e industriais era tão grande e, especialmente, o poderio militar do país era tão imenso que a substituição do ouro por cédulas não resultou em tragédia.”

“Com papéis o império adquiriu boa parte das riquezas do mundo, e impôs suas leis a esses lugares, menosprezando a soberania das nações.”

“O dólar foi perdendo progressivamente o valor, até seu valor chegar a menos de 6% do que era na década de 70. Os especialistas estão desconcertados diante dos novos fenômenos. Ninguém está seguro quanto ao que vá ocorrer. Existe ou não razão para aprofundar a discussão desses temas?"

Assim, creio que satisfaço às pessoas que me pediram esclarecimentos quanto a minha argumentação e onde quero chegar, com esta longa nota.

Aos que afirmaram ser a mim superiores, eu os desafio a mostrar onde são.

Aos que tomaram armas, estes são os mesmos que semeam a discórdia e que duvido que tenham chegado até aqui, ou mesmo se leram alguma parte, porque são cegos.

A eles falta qualquer futuro

Nenhum comentário: