quarta-feira, 11 de julho de 2012

O diário de Ronaldo Angelo



Meu diário 15/07/2012




Ontem foi sábado
Hoje
Pelo meu calendário

Domingo
de páscoa

O primeiro degrau


Deixei um um pouco
Mais para trás
O dragão
Que me protege



Ri da ira
E de meus ais



A justiça por demais
Grosseira

Para defender uma flor delicada



Tomei notas em meu caderno



Escrevi



Deixar um pouco mais
Atrás
Este adorável
bichinho



Deixei-o ali
dócil
Quase dormindo



Colei
Espelhos de ruídos em volta
Daqueles
Que o pudessem
despertar sem carinho



Voltei-me para

O

Segundo











Meu diário - 13/07/2012





A escadaria

Via Crucis

Por onde todos passam



Cada gota de sangue derramada

Um desperdício



O Orgulho

A Inveja

A Peversidade

O Medo

A Ira



Faces abandonadas



Porque assim disse a luz:

Volte para mim, e eu me voltarei para ti

Deixe os seus carrinhos e essas coisas

Que não valem nada



Deixe os seus caminhos



No meio da tarde

Subi a escada



Não levei nada

Senão

Uma rosa


Meu diário 12/07/2012





Eu

Um instrumento delicado

Tal qual um relógio

Que a vida mantém acordado

Entre o início e fim de uma corda



Linha de pontos imaginários

Usado na costura para unir a outros pedaços

De memória

O tapete em retalhos de todos

Antepassados



Início e fim

Fora do que

Ainda pulsa o mistério ou o milagre

Em manter a acesa a luz do candelabro

Junto à porta principal



Do lado de fora



A escadaria



Eu, tudo



Eu, nada





Meu diário 11/07/2012

Quanto aos carrinhos
Instrumentos delicados
A luz em festa derramava neles
As suas cores
Deixando à mostra todos os seus detalhes
Mecanismos complexos
Que se punham em movimento
Quando o vento os acariciava

Como com feitos de metal e suor
Um tanto quanto pesados

Era o trabalho que continham o que mais impressionava
Trabalhos das mais variadas espécies
A que se ocuparam muitos portais
Eram disfarçados pelo invólucro limpo
Espelhado

A arte de muitos
Me completa

Eu, o instrumento
Dedicado






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