sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

INDICE BIG MAC


Não sei quem poderia ter descoberto primeiro, se eu ou a revista “The Economist”, o índice Big Mac pode fornecer uma medida bem precisa de como anda a saúde da política cambial de um país. A notícia divulgada pela Folha On Line, de que o Brasil, que tinha no ano passado um dos Big Mac, o famoso sanduíche da rede McDonald's, mais caros do mundo, agora tem um preço menor que o cobrado nas lojas americanas em 4,24%, mostra que o cambio brasileiro está ajustado, levando-se em consideração que variações de 5% para mais ou para menos estariam dentro de uma margem razoável de segurança.
Antes da valorização do dólar o reles sanduba, rico em colesterol e pobre em nutrientes, que como eu, outros hispânicos tinham como a única refeição do dia em Miami, estava custando aqui US$ 4,73, em julho passado, enquanto era devorado por US$ 3,54 na terra do Obama, um ágio de 33,61% !
Engraçado, que nem precisaria ir a Miami. Bastaria abrir a revista The Economist para a constatação de que o câmbio estava totalmente defasado. Isso perturbou por tempo considerável o nosso comércio exterior onde, a exemplo do sanduíche, nossos produtos custavam os olhos da cara para os gringos, mas a quem realmente sofre da falta de visão não são eles.
Tanto a Rússia, como a China e a Índia estão com preços bem menores, tornando o Brasil um dos destinos de toda a sorte de quinquilharias exportadas por esses países, 90% lixo. O que fazer, intervir no mercado para subir mais um pouco a cotação da moeda? Estamos fazendo o inverso, queimando nossas reservas.
Verdade seja dita. Uma maior valorização do dólar iria estrangular ainda mais o país epicentro da crise. Isto tem preocupado um velho mago das finanças, ex-presidente do Fed, chamado por Obama para dirigir o importante Comitê para Recuperação da Economia, Paul Volcker. Como bem analisou Bernardo Kucinski,
“A desvalorização (do dólar) tem também a enorme vantagem de dar um calote disfarçado na gigantesca dívida americana de 4 trilhões de dólares. Será esse o mico que Volcker tentará passar para o resto do mundo? Alguns analistas americanos dizem que ele já está estudando com o FED uma política de estimulo à inflação. Maior inflação nos Estados Unidos do que no resto do mundo é o primeiro passo para desvalorizar o dólar.”
Façam suas apostas.