quinta-feira, 30 de julho de 2009

SEIS POR MEIA-DUZIA

João, coincidência ou não, do PMDB e prefeito de Salvador, descobriu uma variante do abrir buracos durante o dia para fechá-los à noite.

Os governos de regiões desenvolvidas tomam este tipo de medida, em tempos de crise, para criar empregos onde a infra-estrutura urbana está pronta e mão de obra e dinheiro sobrando.

Claro que não é o caso da capital da Bahia.

Nessa cidade, o que não falta é buraco, abertos de longa data. Contudo, o exemplo pode servir aos europeus que por aqui passam, como forma de estimular a economia deles e a gente também exportar descaramento.

Passemos a descrever a invenção:

Retira-se as guias em perfeito estado, recém-pintadas, de uma grande avenida, de preferência em horário de grande movimento para obter bastante notoriedade a custo dos transtornos aos motoristas.

Em seguida, coloca-se novas guias, idênticas, aproveitando parte do buraco deixado pelas anteriores.



E assim concluida mais uma obra inútil.


segunda-feira, 27 de julho de 2009

ARATICUM




O articum, como minha mãe a chamava , é uma fruta do cerrado. Parece uma pinha de tamanho avantajado, só que uma coloração amarelada e de um cheiro maravilhoso. Deliciosa.


Uma vez, quando eu tinha cerca de 13 ou 14 anos, minha mãe pediu-me que eu a comprasse numa na feira que acontecia a poucos metros de onde nos morávamos – nos arredores da Praça da Estação em Belo Horizonte.


Fui lá. Andei por entre as barracas da feira com alguns trocados no bolso, andei e andei até que me detive em uma das barracas que estava repleta dessa fruta e pedi por uma delas.
O vendedor, diante de meu interesse me ofereceu uma, madura, que exalava um cheiro estonteante de bom, a casca da se soltava de tão pronta para o consumo, maravilhosa, e a estendeu em minha direção.
Eu recusei.

Ao contrário, me interessei por outra que parecia ser um melhor negócio. Escolhi uma outra que estava mais firme, menos “desmanchante”, mais bonita e valiosa aos meus olhos.


Eu me achava muito esperto e achei que estava me esquivando de ser enganado por um comerciante inescrupuloso, e acabei levando para casa uma fruta totalmente imprópria para o consumo.
Lembro-me, ainda hoje, do olhar decepcionado do comerciante, mas ele não procurou me convencer de não levar a fruta ruim em detrimento da maravilhosa que tinha me oferecido.
Ele aquiesceu, pegou meu dinheiro, e tratou de seguir tocando seu comércio.
Ele tinha feito a sua parte.


Não sei se hoje faria diferente.


Minha mãe, lógico, ralhou comigo por ter levado para casa um produto tão miserável, completamente fora do que ela sonhava, ou esperava (ela adora articum), mas o evento por ser tão marcante em minha vida me trouxe muita sabedoria.
Não só no concernente à escolha de uma fruta, mas aprender a reconhecer um anjo quando tiver a graça de me deparar com um.