terça-feira, 5 de agosto de 2008

Agora vamos a Paris


O presidente do Banco Central de Israel, Stanley Fischer, disse que a velha piada de que o Brasil é o país do futuro está ultrapassada. Segundo ele, o Brasil já é um país do presente. Fiquei preocupado com este dito porque sempre depositei fé neste país e por isso nunca pude entender a piada. Fiquei ainda mais inquieto quando vislumbrei a possibilidade da eminente autoridade estar remodelando a piada para o presente, podendo surgir outra, em tempo futuro, mas nem tão futuro, dizer que o Brasil é um país do passado.

A idéia do presente se fixou em minha mente depois que li Delfin Netto dizer que “o Brasil continua sendo o último peru com farofa disponível fora do Dia de Ação de Graças” e, junto com ela, a exigüidade deste momento de glória presente e o tétrico futuro que se vislumbra com a deterioração de nossas contas externas.

Com toda esta catástrofe que vive os investidores brasileiros na Bovespa ainda é lucro para os investidores estrangeiros. Na última semana de julho de 2008, o jornal, The Economist, mostrou que mesmo depois dos ajustes vividos pela Bovespa, ela ainda rendia, quando comparado com a última semana de 2007 (sete meses, portanto), em dólares + 4,6%, enquanto que todas as outras bolsas por esse globo despencavam. (EUA –12,7% , China –42,3%, Japão –8,5% Eurolândia –17,5%, Espanha –16,1% Rússia –7,3%, Índia –31,0%). Deduz-se disso, senhores, que a situação ainda pode piorar. Aliás, tudo se tem feito para que piore na execução da política monetária e cambial. Para Bresser (em seminário na FGV), "a taxa de câmbio do Brasil é suicida e levará para uma crise de pagamentos em dois ou três anos", ainda com seu velho otimismo, qualificou a política cambial de alucinada. Para Yoshiaki Nakano, "O Brasil continua enfrentando um velho problema: “a combinação de taxa de juros absolutamente elevada e a apreciação da taxa de câmbio", no mesmo seminário. No mesmo evento, o ministro Mantega disse considerar que a valorização do real frente ao dólar está quase no limite do que a economia pode suportar "Se for mais adiante, estamos perdidos".
Engraçado que não compareceu ninguém para defender a tal política, a não ser, claro, o autor da própria e as cocotas que trocaram o destino de suas viagens , ao invés de Miami, Paris e os importadores de trilhos chineses.

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