quarta-feira, 17 de junho de 2009

2001


Há cerca de 14 anos, surgiu na Starnet uma polêmica sobre o significado da cena dos macacos e do osso (que vira uma espaçonave) no filme 2001 Uma Odisséia No Espaço, clássico de Stanley Kubrick. Quem não se lembra daquela cena intrigante?

Destarte sua pouca idade, o enredo do filme é tão bom quanto qualquer história mitológica ou bíblica em desenterrar arquétipos que se mostram como marcos no mapa da evolução antes presos em nosso subconsciente.

Um evento externo em determinado momento, o aparecimento do monolito no filme, desencadeia uma série de eventos, porém o mistério contido nele permanece ao longo de toda a trama.
O evento catalisador se equipara, na bíblia, à expulsão de Adão e Eva do paraíso, e ao casamento de Pakriti e Purusam no Bhagavad-gita, apenas para citar o texto religioso Védico mais conhecido e o mais freqüentemente traduzido.
Obviamente, o homem como único animal pensante, tenta dar significado à sua existência, consciente de sua superioridade aparente, mas esbarra sempre no incompreensível e o que vem a seguir é a conseqüência da falta de aceitação de suas limitações.

Paralelamente, correndo por fora, aparece a ciência, que através de gerações, o homem vem construindo a compreensão em que pese somente a racionalidade e a lógica. A ciência parece, no decorrer dos tempos, a ocupar o espaço do misticismo sem a existência de um confronto direto, exemplo, embora não negando a cronologia inserida nas escrituras de Adão à Cristo, sugere que Adão pode ter realmente existido, mas de forma alguma foi o primeiro homem e muito menos cearense.

Quando Galileu negou a existência de algum céu no qual estariam pregadas as estrelas, aquilo foi um choque aos poucos que lhe deram algum crédito. Para outros, no entanto, preferiu continuar no conforto psicológico das velhas crenças, assim a Terra continuou chata, ainda, por um longo período para a maioria esmagadora da população em que a informação e a compreensão não alcançavam.

Muita coisa mudou de Galileu para cá. A informação, hoje, é muito mais veloz, mas a população pouco informada também cresceu de forma estonteante e ainda representa a grande maioria. Tem-se, ainda, o agravante que o mundo ficou dividido em épocas e cativo de comportamentos que se solidificam a cada geração, comportamentos esses, muitas vezes contrários aos cientificamente e logicamente corretos com a previsão catastrófica de seus efeitos.

A Paleontologia, por exemplo, sugere que muito provavelmente, todos nós, seres viventes, somos provenientes de uma única célula que brotou na Terra bilhões de anos atrás, podendo ser coincidente com a própria idade do planeta, ou seja, a Terra já teria nascido com a semente da vida.

No entanto, a crença vigente é que os homens foram jogados à Terra.

A crença de que o homem foi criado e colocado no planeta foi contestada por Charles Darwin em 1859 em seu trabalho “A Evolução das Espécies” incontestável em suas bases até os dias de hoje, mas mesmo assim ainda prolifera consciente ou inconscientemente, inclusive, entre as camadas mais esclarecidas 150 anos após.

Tal crença traz em si um sentimento destrutivo.

No decorrer da proliferação humana em tempos mais recentes, essa foi ponteada por grande degradação ambiental, parecendo a olhos vistos, similar a uma praga que acomete a um jardim ou uma invasão nefasta de microorganismos em um corpo são, provocando, invariavelmente, perda da auto-estima aos seus seguidores. Grandes atrocidades que reclamam milhares de vidas são muitas vezes desculpáveis por essas pessoas, consciente ou inconscientemente, em prol de controle quantitativo ou mesmo qualitativo da população.

Vimos isso no holocausto, no lançamento das bombas em Hiroshima e Nagasaki, no bombardeio de Dresden entre outras ações destrutivas absolutamente desnecessárias. A lista continua nos tempos atuais e, pior, promete crescer em tempos futuros.

Há somente uma alternativa a esse caminho, a conscientização de que somos uma manifestação do planeta ao invés de uma praga que o acomete, algo que passa próximo à Teoria de Gaia de James Lovelock, algo que mostre que tudo que fazemos contra o ambiente é contra nós mesmos.

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