terça-feira, 21 de dezembro de 2021

BITCOIN

 

"Não se investe em bitcoin, se aposta em bitcoin" (MAE, 2020)

Quando se fala em aposta penso logo em fichas. 

Nas fichas dos ônibus da minha infância  primeiro. Naquela época as pessoas  adquiriam fichas do cobrador e, na saída, as inseriam num cofre próximo ao motorista. Esse, por sua vez, atento ao que era inserido, vez por outra acionava uma alavanca ligada a um alçapão e as rodelas de plástico eram tragadas para o compartimento inferior da engenhoca.

Mais tarde, as fichas estavam presentes também nos fliperamas, cassinos e até nas rodadas de poker, na maioria das vezes também de plástico ou, na falta, moedas mesmo, pois toda moeda serve como ficha, só precisa ter um bom tamanho e beleza.

Se toda moeda serve como ficha, o inverso pode não ser verdadeiro a depender do conceito de moeda, coisa de Karl Marx, mas antes vamos tratar do conceito de ficha.

A ficha se restringe a uma determinada área de dominância, o ônibus da minha infância, o cassino, a mesa de poker, os cupons do mercado, as "moedas" locais, exemplos mais corriqueiros, e servem à troca por serviços, mercadorias ou valores. Outra característica da ficha é estar sob o controle de um ente que cuida da sua emissão e circulação.

Diante do conceito acima, há de se concordar que ele abrange de forma larga o que conhecemos hoje como moeda.

Sem uma base única para relacionar todas as fichas, o que temos hoje é a conversibilidade de uma ficha em outra e, lógico, a rainha das fichas.

Se não temos uma moeda de verdade,  mais cedo ou mais tarde a criaremos, espaço que nos leva à questão primeira, o que é moeda, e à seguinte:

O bitcoin é moeda ou mais uma ficha? 

What is money?

O vídeo, acessível pelo link acima, produzido pelo Wall Street Journal, ilustra de forma bem divertida o que foi dito até aqui, embora traga uma importante característica da moeda, a existência de uma convenção ou contrato social que a torna aceitável como tal.

Originalmente, a moeda tomou a forma de pedras, conchas e miçangas. Curioso é o caso da ilha de Yap e suas Rai Stones. 


Elas foram trazidas de uma ilha vizinha e eram raras dada a dificuldade na extração e transporte. Isso mudou quando o navegador David O'Keefe naufragou nas imediações. Ele percebeu que poderia ir à outra ilha, e com métodos e ferramentas mais modernas, realizar a extração e transporte dessas pedras o que veio elevar de sobremaneira o seu suprimento e ao colapso do sistema.


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