sexta-feira, 28 de setembro de 2007

EUA E O ÓLEO


“I am saddened that it is politically inconvenient to acknowledge what everyone knows: the Iraq war is largely about oil,”
Alan Greenspan
(Ex-dirigente do Federal Reserve)

O bem estar da nação americana hoje depende da manutenção da acessibilidade segura de petróleo a preços estáveis

Se a produção doméstica continuar em declínio e a demanda continuar a crescer, os EUA progressivamente buscarão o óleo estrangeiro para suprir suas necessidades.
Dois terços das reservas remanescentes de Petróleo estão na politicamente volátil área do Oriente Médio onde diversas guerras já foram feitas pelo controle do óleo. EUA ocupam pela força o país com a segunda maior reserva conhecida.
Petróleo não é simplesmente outra forma de energia. Ele foi o principal alimento da prosperidade econômica na segunda metade do século passado, graças principalmente sua abundância na natureza, sua facilidade no transporte e estocagem, e grande quantidade de energia que se pode gerar a partir de pouco volume.

A humanidade foi se tornando de tal maneira dependente que seria inimaginável o mundo sem ele.

No entanto, todo este desenvolvimento parecerá artificial se um dia o óleo faltar.
Sem ele, a comida não vai poder ser entregue nas lojas, muitas pessoas não poderão ir ao trabalho, e muito do sistema de transportes deverá se tornar inoperante.

Produtos derivados do petróleo também aquecem lares e ambientes de trabalho e provêm matéria prima para a fabricação de muitos produtos, além de alimentar também a geração de eletricidade.

Os EUA são a maior economia e o maior consumidor de petróleo – 25% do consumo mundial. O óleo é o principal combustível do mercado de energia daquele país, representando aproximadamente 40% do total das necessidades americanas.


Atualmente, os EUA consomem mais que 20 milhões de barris diários (mb/d). Lá pelo ano de 2025, se nada mudar, estarão consumindo cerca de 28 mb/d.

O sistema de Transportes ( carros e caminhonetes particulares, veículos para fretes, linhas aéreas, navios e ferrovias) é de longe o maior responsável pelo consumo, e ainda é o setor que mais cresce em termos de consumo de óleo.

Em 1998, pela primeira vez, os EUA importaram mais que 50% de suas necessidades, e, em 2003, este percentual se elevou para 56%.


Em 2006 chegou a 60%.


Sua produção doméstica vem declinando progressivamente desde o seu pico em 1970, enquanto o consumo vem crescendo regularmente desde a metade da década de 80.

Neste passo, pelo ano de 2025, os EUA necessitarão importar mais que 80% de suas necessidades.
Óleo importado não é barato. Os preços do óleo cru no mercado mundial estão em seu maior nível de 20 anos para cá, muito acima do praticado em 2003 quando a guerra do Iraque começou.

Em março de 2004 os EUA gastaram quase 14 bilhões de dólares em importação do óleo, o equivalente a 30% do déficit comercial daquele mês. Hoje estão gastando mais que o dobro deste valor mensalmente.

Todas as nossas reservas em moeda estrangeira, segundo dados divulgados pelo Banco Central, dariam para comprar somente de seis meses de consumo americano e toda a nossa reserva de petróleo mal daria para suprir o mercado americano por um ano.

A dependência do petróleo importado é cheia de riscos. O fluxo de óleo dos paises produtores para os paises consumidores pode ser alterado pelo tempo, acidentes, quebra no fluxo de transporte ou escassez, revoluções, manipulações por cartel, picos de demanda, sabotagens e guerras.

Quando a escassez ocorre, os preços disparam e por ser forte a dependência, as economias se tornam vulneráveis à inflação, desemprego, inseguranças e incertezas.

Desde do sucesso da Gran Bretanha em converter a armada do carvão para o óleo no crepúsculo da Primeira Grande Guerra, até a fracassada invasão de Caucasus e invasão do Japão no Pacífico Sul na Segunda Grande Guerra, o petróleo tem sido a chave do sucesso nas conquistas militares.


Hoje, igualmente, o objetivo primordial na política militar dos EUA no exterior é assegurar o abastecimento de petróleo e interesses do país, usando a força se assim achar conveniente.

Hoje, tropas, tanques, aviões de combate, navios comerciais e a grande maioria dos navios de combate não podem se mover sem óleo. Em tempos de paz, as forças armadas americanas, constitui a organização que mais gasta óleo no mundo, consome cerca de 110 milhões de barris em produtos do petróleo a cada ano (mais que um por cento do total do consumo americano).

Em períodos de Guerra, as forças armadas americanas consomem muito mais combustível. O tanque MIA, por exemplo, gasta cerca de 4 litros por kilometro. A eficiência dos aviões de combate são bem piores. Nenhum comando militar aceita colocar limites de gastos em suas operações, e eles têm atravessado grandes distâncias para assegurar o suprimento farto do óleo.

Por décadas, o governo Americano tem solicitado de seus estrategistas militares formas de ter assegurado o acesso ao óleo estrangeiro. Hoje, isto se tornou um desafio maior, visto que as reservas remanescentes ainda por contabilizar, só deverão ser encontradas na área do turbulento Oriente Médio.
Por décadas, o povo Americano vem pagando um preço alto para a segurança do fluxo do óleo oriundo do Golfo Pérsico e de outras regiões ricas no mineral. Apesar do Pentágono não fornecer informações sobre o custo com a manutenção de militares no local, estimava-se antes de 2003 algo na faixa de 10 a 20 dólares por barril do óleo importado daquela região.
Agora, com a Guerra do Iraque, país que possui a segunda maior reserva mundial até o momento conhecida, tanto o custo financeiro como o também custo social foram para a estratosfera.


De acordo com Anthony Cordesman, expert nessas questões, o orçamento militar para a manutenção da estratégia corrente no Oriente Médio deve bater perto de 1 trilhão de dólares por ano.


Neste momento os EUA, pressionado pela baixa nos estoques, mantêm o preço na casa dos US$ 80 por barril. Segundo o próprio Greenspan, apesar da manobra do FED, é alta a probabilidade de uma recessão, e os dias tranquilos com relação à inflação mundial acabaram.

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