segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Subdesenvolvimento Humano


IDH do Brasil sobe para 0,8 e país entra para grupo de Alto Desenvolvimento Humano

A manchete acima e outras do tipo: “Brasil passa a ser considerado um país desenvolvido” disputavam espaço na banca em que passo sempre, junto à esquina, ponto fixo de dois mendigos e dos malabaristas infantis que se exibem para os veículos parados na sinaleira, no caminho para o Shopping Barra em Salvador.

Criado pelos economistas Mahbub ul Haq e Amartya Sen, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mede a qualidade de vida por outros indicadores que não apenas o Produto Interno Bruto, saltou, no caso do Brasil, de 0,798 para 0,800, uma fantástica evolução a julgar pelas manchetes, mas a julgar pelos números, o país se arrasta. Corre até o risco de estar parado ou mesmo andando para trás, pois uma diferença de 2 milésimos na pontuação pode estar muito bem na margem de segurança dos cálculos.

Mas vai mesmo devagar, tendo conseguido a façanha de ultrapassar uma linda ilha do Caribe, Dominique, mas sendo ultrapassado pela Arábia Saudita e Albânia, perdendo terreno para Argentina, Chile e México.

Muito se fala sobre o problema educacional no Brasil. Ouvi outro dia a Globo dizer que o país não quer saber de educação, caso contrário, o candidato que tinha como plataforma a revolução do sistema educacional brasileiro não teria tido tão poucos votos (Cristovam Buarque).

A quem eles querem culpar com esse dito ninguém sabe, porque espaço quase nenhum recebeu o ex-petista na mídia. E quanto ao nível intelectual de nossos profissionais da imprensa, está estampado nas manchetes.


Assim, o mais provável é que soframos de ignorância generalizada.

O Relatório de Desenvolvimento Humano 2007, que usa dados de 2005, teve como tema o aquecimento global e seu lançamento mundial foi feito em Brasília, com a presença de Lula.
Em um documento de quase 400 páginas o relatório diz que as nações mais ricas devem prover uma soma de 86 bilhões de dólares por ano a partir de 2015 para ajudar o mundo na adaptação ao aquecimento global e que se pretende estabilizar as emissões dos gases causadores do efeito estufa até 2015 e então começar a reduzir.
Sem o dinheiro, continuam, um mundo mais quente poderá reverter o desenvolvimento em países onde 2,6 bilhões de pessoas vivem com 2 dólares por dia ou menos.

Cientistas no mundo inteiro concordam que o planeta aqueceu em média 0,7 graus Celsius nos últimos 100 anos, trazendo a perspectiva de que teremos um século extremo em termos meteorológicos, subida do nível dos mares, grandes inundações, doenças e ataques às reservas naturais, à agricultura e à pesca.


De acordo com o desenvolvimento do problema, as conseqüências incluirão cenários de mulheres e meninas caminhando maiores distancias para pegar água em partes da África, e pessoas construindo abrigos em bambu pelas enchentes no delta do rio Ganges na Índia.

“Estes impactos... seguem ignorados nos mercados financeiros e na medição do produto interno bruto global (PIB),” diz o relatório.

“Mas a crescente exposição a afogamentos, a tempestades mais intensas, a inundações e stress ambiental vem barrando os esforços da comunidade mais carente em construir um mundo melhor para ela e sua prole.”

Por causa do aquecimento global, disse Olav Kjorven, Chefe do bureau para política de desenvolvimento do Programa de Desenvolvimento da ONU, mais 600 milhões de pessoas na região do sub-Saara na África, passarão fome por causa do colapso na agricultura, e um contingente extra de 400 milhões serão expostos à malária e outras doenças, e um extra de 200 milhões perderão moradia em inundações.

O painel do desenvolvimento diz que grande parte da responsabilidade está com as nações mais ricas, responsáveis por elevadas emissões de dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa, principalmente pela queima do carvão e outros combustíveis fósseis.

“As nações do mundo que são as principais culpadas, se assim se pode falar, pela criação deste problema em primeiro lugar têm de agir firmemente para salvaguardar o futuro daqueles que não têm nada a ver com ele mas que são os mais vulneráveis,” disse Kjorven.

As nações desenvolvidas, até agora, falham em cumprir as metas estabelecidas sob o corrente tratado, o Protocolo de Kyoto, no corte da emissão dos gases estufa em 2012, diz o relatório.

França, Alemanha, Japão e Reino Unido estão falhando no que seria o corte de 20% das emissões em 2020.

O Canadá assinou o tratado sob o governo anterior, de legenda Liberal. Entretanto, os Conservadores sob a liderança do Primeiro Ministro Stephen Harper tem se distanciado paulatinamente do Protocolo.

Ed Marckey, dirigente do Select Committe on Energy Independence
and Global Warming, disse que o relatório a importância da "América se movendo com o objetivo de alcançar a meta de 80% de corte nas emissões em meados do século."

"Este relatório proporcionará aos líderes em Washington o imperativo moral de apoiar a ação no congresso e na Casa Branca," declarou o democrata de Massachussets

Na cerimônia em que este relatório vem para o conhecimento mundial, o presidente Lula convidou às nações ricas a fazer a parte delas.

" Em Bali nos iremos discutir seriamente o preço que as nações ricas deverão pagar de forma que as nações mais pobres possam preservar suas florestas," Lula disse. "Porque ninguém vai conseguir convencer uma pessoa pobre em lado nenhum que ele não pode derrubar uma árvore sem ter a garantia de trabalho e do que comer em troca."

Cientistas acreditam que a floresta age como uma enorme esponja na absorção dos gases, mas o desmatamento e as queimadas liberam toneladas de carbono na atmosfera a cada ano, fazendo do Brasil um dos lideres na emissão dos gases causadores do efeito estufa.

O relatório também sugeriu entre outras medidas, a redução das tarifas incidentes sobre o álcool brasileiro "poderiam gerar ganhos não somente para o Brasil, mas para a mitigação das mudanças climáticas."

Assim, nem sempre, para enveredar pelos caminhos da sabedoria a escolaridade é necessária. Às vezes pode ser até prejudicial.

O sistema de ensino está atrelado a uma estrutura que impele a humanidade por determinado caminho. Acontece que não há garantia que o atual caminho seja o mais adequado, ao contrário, a impressão que se tem é que nos desviamos em algum ponto no passado, e quanto mais tempo passa, maior a distancia que teremos que percorrer de volta ao ponto de desvio.

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