quarta-feira, 11 de março de 2009

ERRO TIPO CRASSO


Há um ano atrás, a taxa Selic era de 11,25%, e foi exatamente em março que o primeiro ato de desatino, a subida para 11,75%, deu origem ao fruto indesejável nove meses depois.
O rebento, um retrocesso brutal na economia no último trimestre.
Diante do fato de ainda estarmos no patamar de 12,75%, ainda, mais de 1% do mais pernicioso veneno para o desenvolvimento, qualquer variação próxima de zero no PIB neste ano, será mesmo uma dádiva da fortuna.

O mais provável, de fato, é que o país se afunde numa recessão em 2009 e se perca parte do avanço alcançado em 2007/2008.

Pena.

Falta de aviso não foi. E creio que o resultado não poderia ser pior.
Superou as piores expectativas como diria Mercadante e poderia ser melhor se a máxima, dita por Delfim Neto, fosse seguida; “se você não tem certeza do que está fazendo, faça devagar.

O risco de o país entrar por este labirinto já era bem sentido em meados do ano passado, como pode ser verificado neste trecho da entrevista à Folha de Luiz Gonzaga Belluzzo, no início setembro de 2008:

FOLHA - É possível combinar controle da inflação com crescimento da economia?BELLUZZO - Acho que o Brasil vem tendo um comportamento mais do que razoável. Desde 2004, o país está crescendo a taxas compatíveis com uma inflação baixa. Porém, dependendo da velocidade [da desaceleração global], a política econômica [do país] é outra.


FOLHA - Como seria, nesse caso?


BELLUZZO - Tem que desmontar rapidamente esse diferencial de juros, senão você vai aprofundar a sua recessão, como os alemães fizeram em 1930. Eles acharam que o choque de 1929 era transitório, mantiveram uma política de juros altos para atrair de volta os capitais e conseguiram na realidade agravar a sua deflação interna, o que levou a um desastre. Não digo que a nossa situação é a mesma; porém, se a desaceleração for muita e a aversão ao risco continuar e começar um movimento de capitais daqui para fora, podemos ter uma situação difícil a enfrentar.

Enquanto isso, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) admitiu nesta quarta-feira que a queda do PIB (Produto Interno Bruto) do país foi "muito grande" mas que não vai influenciar no crescimento econômico deste ano. Segundo ela, o Brasil tem "fundamentos fortes" para superar os impactos da crise financeira global.

Se a queda do crescimento ocorrida no último trimestre de 2008 que, com certeza, continuou pelo primeiro trimestre de 2009, acompanhada pelo aprofundamento da crise mundial, não influir no crescimento deste ano, teremos um curioso fenômeno aritmético para estudar.


Esperemos por este milagre.

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