quarta-feira, 4 de março de 2009

LIMITES III


Não se pode dizer que o capitalismo seja perfeito, mas foi o mais adequado, principalmente no pós-guerra, por alavancar uma recuperação rápida de nações arrasadas economicamente, e promover um estrondoso desenvolvimento mundial num período pequeno, pouco mais de 50 anos.
Duas características deste sistema foram primordiais e responsáveis por todo esse sucesso. A primeira é que o sistema funciona como uma bolha em que os lucros realimentam o sistema, e a segunda a contínua expansão, ou da onipresença do “quero mais”.
O sistema mantém seu equilíbrio pelas leis de mercado e sua sensibilidade em função da atividade especulativa.
Assim, seria impensável a existência do capitalismo sem os especuladores, eles são como sensores que propiciam rápido ajuste do sistema quando ocorre algum fator de desequilíbrio no mercado, como por exemplo, uma quebra de safra.
Mas neste mundo, não se pode preconizar a eternização de nada, muito menos de um sistema.
Assim, existirá um momento em que o sistema não será, simplesmente, o mais adequado, como pela entrada em cena de fatores, que o tornarão desaconselhável ou mesmo nocivo, tendo em mente o bem-estar da humanidade.
Dentro de um mundo limitado, nada pode crescer indefinidamente.
Haverá um momento em que a coisa tenderá a ficar maior do que o que a contém.
Logo, muito antes que isso ocorra, deverá acontecer uma desaceleração e depois uma estagnação ou mesmo uma recessão, se descoberto que já avançamos em demasia.

Se houvesse uma central mundial que coordenasse o crescimento global, muitos alarmes e luzes vermelhas já estariam emitindo seus sinais.
Já estamos cientes, embora não conscientes, que consumimos 20% a mais do que a Terra pode repor.
E o mais assustador, é que esse número vem crescendo rapidamente.
“Comemos” boa parte do planeta em apenas poucas décadas.

Pior que crescer acima do desejável é crescer desigual.
E isto soubemos também fazer colocando nossos extremos na luxúria e na miséria, sem contar os crescimentos desodernados sem infraestrutura própria, que pudesse evitar o envenenamento gradual de nosso habitat, como a poluição dos rios e mares.

Não é certo que saiamos dessa crise, porém, parece certo que, se isto acontecer, a saída deverá passar por uma remodelação total do sistema que, mesmo assim, estará mais fragilizado e muito mais vulnerável à próxima crise que inevitavelmente o acometerá em tempo não muito distante.
Mesmo mantendo a taxa de crescimento mundial positivo, mas muito próximo de zero, já que o sistema, por definição, não funciona no crescimento zero, e muito menos na retração.
Muito do desenvolvimento das últimas décadas se deve à industria automobilística, era que muitos críticos têm denominado de “happy driving” ou “dirigir feliz” na nação mais desenvolvida do mundo.
Lá, o índice número de automóveis por família é altíssimo, índice que, se copiado pelos chineses, seria capaz de transformar a China em um grande estacionamento.

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