quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Mary Lu


A ação coordenada dos bancos centrais em cortar a taxa básica de juros significa uma permissão para a entrada da inflação mundial a ser computada como custo para o controle da crise que tomou dimensões tsunamicas e ainda ameaça engolfar o mundo.

A despeito de todo o socorro, a monstruosa e pesada economia mundial vem perdendo velocidade como um navio que tenha desligado os motores. Todo o pânico que acomete os investidores é que o monstro pare (estagflação) ou mesmo ande para traz (recessão).

O que vem a seguir?

Menor consumo significa menor produção. Menor produção significa custo mais alto por unidade produzida, portanto, menos lucro. Menos lucro significa menos investimentos além da prática de preços mais altos pelas indústrias que queiram se manter no mercado.

Assim, os EUA tomam o mesmo caminho das crises anteriores que é a desvalorização de sua própria moeda, agora em consonância com a desvalorização das moedas de outras nações desenvolvidas, ou seja, vem aí uma outra onda de inflação mundial, na melhor das hipóteses.

No entanto, pode ser que a retração do consumo seja tão violenta que não se consiga evitar uma quebra generalizada. A falta de dinheiro no mercado (crise de liquidez) leve a uma continua desvalorização dos ativos, a deflação, e essa leve à máxima: “por que consumir hoje o que estará mais barato amanhã?”

Portanto, o momento é de cautela.

O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, lançou um alerta sobre possíveis "emergências bancárias" no mundo em desenvolvimento e crise nas balanças de pagamentos na medida em que a atual crise financeira avance. Já o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, pediu que os países da União Européia colaborem na busca de uma solução para a crise financeira e não adotem medidas unilaterais

E o nosso BC? Queimou largada e disparou na frente, só que para o lado errado.

É curiosa é a posição da autoridade monetária nacional diante destes últimos fatos. Aumentar a taxa de juros. significa colocar o país em recessão e, ainda, com uma inflação enfiada goela abaixo; deixar como está para ver como é que fica, é arriscar-se a ficar com a cara de perdido, como cachorro em procissão; cortar a taxa de juros é admitir que nunca deveria ter elevado e, assim, ficar com a cara de Mary Lu.

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