(Bill Hare, Greenpeace, com referência ao comportamento dos EUA em Bali)
Os americanos quando falam em flip-flop, geralmente estão se referindo às sandálias de dedo do tipo havaianas.
Dizem, que Paula Dobriansky, após o fato e um suspiro profundo, declarou: “juntamo-nos a um consenso”.
Um excelente presente de Natal e Ano Novo.
“Nenhum dos panegiristas mencionou as dezenas de milhões de pessoas pobres que continuam a morrer de doenças e fome cada ano, devido às complexas realidades atuais, como se vivêssemos no melhor dos mundos” , observou Fidel Castro.
O Grupo dos 77, que abrange 132 países que lutam por se desenvolver, tinha conseguido o consenso para demandarem dos países industrializados uma redução dos gases que originam as mudanças climáticas para o ano 2020, de 20 para 40% abaixo do nível atingido em 1990, e de 60 para 70% no ano 2050. Além disso, demandavam a consignação de fundos suficientes para a transferência de tecnologia ao Terceiro Mundo.
No lugar das metas e compromissos, vazio e decepção para os ambientalistas do mundo inteiro.
A desculpa para a manobra americana foi que os países em desenvolvimento tinham que participar no corte de emissões, embora de forma diferenciada, e não pelos desenvolvidos somente, e que Bali deve ser tomado como um “critico primeiro passo” para a realização de um acordo mais amplo.
Foi com base em posições similares que os EUA conseguiram levar a discussão para o Havaí, e forçar os emergentes a fazerem a sua parte.
A discussão assumiu um aspecto pueril e primitivo, do tipo: se os desenvolvidos conseguiram desenvolvimento as custas do ambiente por que não podemos nós também?
A febre da incoerência atingiu os nossos políticos provavelmente contaminados pelo descaso americano.
No Brasil, poucos estudos têm sido efetuados para que se consiga avaliar a extensão dos danos de um aumento de temperatura teria sobre nossa economia e bem estar.
No entanto, o Programa de Energia Transparente do Instituto Acende Brasil apresentou um estudo datado de outubro/2007 onde mostra claramente a progressiva diminuição da energia armazenada total ao longo dos anos na forma de recursos hídricos ou um esvaziamento gradual do sistema, projetando para outubro de 2011 cerca de 8% a menos de água nos reservatórios das hidrelétricas.
É bom lembrar que as propriedades físico-quimicas da água permanecerão inalteradas. Maior temperatura implica em menos quantidade do elemento no estado sólido e líquido e maior em estado gasoso.
Então, mantida a tendência, ameaças de apagões, como os verificados em 2001, se tornarão mais freqüentes até se tornarem constantes, obrigando a queima de mais gás nas termoelétricas e alimentando ainda mais o aquecimento global, se não forem tomadas medidas de contenção em outras áreas de consumo de combustíveis fósseis.
O pior, no entanto, é o desmatamento das florestas tropicais, chamadas em inglês de “rain forests”.
O país continua desmatando, de certa maneira incentiva a destruição já que permite a exportação de madeira e móveis com isenção de impostos.
A floresta amazônica retém a água necessária para a manutenção do potencial hídrico daquela região, onde o Brasil deposita suas maiores pretensões para a geração de energia elétrica no futuro próximo.
Estudos internacionais ainda mostram que a Amazônia poderá virar lixo se a temperatura média daquela região subir mais que 3 graus centígrados. A água se evaporará depressa demais matando as árvores que, em decomposição, liberarão o metano, gás quatro vezes mais poderoso em armazenar calor que dióxido de carbono. Toda a região pode se transformar em um deserto.
O país continua permitindo as queimadas, colocando-o entre os maiores poluidores mundiais e anulando quase que totalmente os ganhos com o uso dos bio-combustíveis.
Assim, quem sabe, ano que vem no Havaí teremos o evento patrocinado pelas sandálias havaianas.
Havaianas, vocês sabem, todo mundo usa.